As vezes, as pessoas me perguntam: "Ora Rafa, se sua família é toda de origem portuguesa, por que diabos você é Flamengo?" e pra se ter a resposta é necessario uma volta no tempo de cerca de 40 anos.
Na época, meus avós por parte de pai moravam na Gávea, na casa dos seus patrões cheios da nota e meu pai morava com eles, meu velho sempre jogou muita bola(não é puxação de saco, eu realmente queria ter herdado esse talento dele), mas quando pequeno nunca se ligou muito nas disputas profissionais de futebol, ele gostava mais das peladinhas de segunda depois da escola, das de terça durante a escola, e das do resto da semana, era um moleque que realmente não me serviu de exemplo no quesito presença escolar, mas que sem duvida batia um bolão.
Logo cedo, começou a treinar e fazer testes em diferentes categorias de base dos times do Rio de Janeiro, meu avô já falecido, era vicelino roxo, e não gostava das pretensões do meu pai de se tornar um jogador profissional de futebol, e meu pai por sua vez como única opção por perto de sua casa, que ele poderia frequentar os treinos sem dar bandeira de que estava desobedecendo o seu velho, seria o Flamengo(por morar na gávea como citei anteriormente), mesmo sendo aprovado em diferentes clubes pela zona norte do Rio.
Pra sua sorte(e minha também), meu pai fora aprovado no mais querido, e começou a frequentar a gávea, já havia jogado em alguns clubes quando mais novo(A maioria de campo, e inclusive quando viajou pra portugal, ainda garoto, havia sido convidado pra jogar pelo modesto time do Braga, da terra dos meus avôs, mas teve de esquecer essa idéia rapidamente, pelo fato do meu avô não achar que o futebol não daria futuro a meu pai, seu sonho era que meu pai estudasse e se formasse, e se graduasse em alguma profissão importante), depois de algum tempo frequentando a gávea não podia mais esconder sua paixão pelo clube mais querido do Brasil, que em parte nasceu como forma de provocar meu avô, pelo fato de ele sempre implicar com os objetivos do meu velho.
Em pouco tempo meu pai dedicava-se aos treinos e já se destacava nas categorias de base do Flamengo, e seguia bem sua carreira de jogador, que evoluia na mesma proporção que sua paixão pelo mais querido, tendo em vista que ele começou a frequentar o maior do mundo, quase que religiosamente todo fim de semana.
Alguns anos depois meu pai era promovido aos juniores da equipe, com 18 anos, chegou a jogar diversas vezes no maracanã em partidas preliminares, inclusive de alguns clássicos, com públicos muito grandes, com a torcida cantando e empurrando numa situação que ele diz ser simplismente maravilhosa, das melhores que ele já teve na vida dele, mas junto de sua ascenção no futebol, adveio também seu ano de vestibular, e meu avô, não acreditando na capacidade do meu pai, o proibiu de jogar futebol, e mandou que ele estudasse e entrasse numa faculdade, meu pai prontamente atendeu-o.
Um ano depois meu velho começou a cursar a faculdade de física(única e exclusivamente por não ter conseguido passar pra engenharia mecânica, para nenhuma universidade pública), e para depois se transferir para tal curso, e por minha família na época ser humilde e não poder pagar uma faculdade particular para que meu pai fizesse o curso que queria.
Meu pai não chegou a completar a faculdade, largou faltando um ano para o fim, e entrou para o ramo do comércio, mas especificamente das flores, abrindo uma loja na cadeg com um "patrício" que não me recordo o nome, logo começou a se dar bem e casou-se com minha mãe, depois abriu sua loja no shopping da gávea(coencidência ou não, o mesmo bairro que viveu toda sua infância, até seus avós serem mandados embora por seus patrões, e irem morar em cascadura, o que respresentou também um dos grandes motivos da implicância do meu avô para com o fato de o meu pai jogar futebol, pelo fato das coisas terem ficado bastante apertadas), e logo teve minha irmã e posteriormente eu, após meu nascimento nos mudamos pra um prédio numa rua atrás do maior do mundo(coencidencia ou não), e vivendo nesse ambiente, e influênciado por um pai que fazia questão de que eu compratilhasse esse sentimento com ele, não me tornei flamengo, NASCI FLAMENGO.
Feliz dia dos pais!
Saudações Rubro Negras.
Rafael Cunha.
domingo, 10 de agosto de 2008
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